Agricultora sofre por não saber se permanecerá livre ou será condenada.
Severina Maria da Silva, de 41 anos, analfabeta, moradora da Vila de Itaúna, Zona Rural do município. Contra ela pesa a acusação de ser a mandante do assassinato do próprio pai, o agricultor Severino Pedro de Arruda, 65, mais conhecido por Zé da Fuba.
O crime ocorrido há quase três anos teria sido motivado por revolta da acusada contra o homem com o qual mantinha uma relação incestuosa desde os 9 anos, tendo resultado no nascimento de doze filhos, dos quais apenas cinco estão vivos. A acusada alega ter planejado o assassinato para livrar o estupro da filha-neta, à época com 11 anos.
A própria mãe da acusada, a agricultora Maria Eudócia de Andrade, 60, que atualmente mora nas proximidades da Vila Diocesana, na periferia de Caruaru, seria conivente. Ela obrigava a filha a dividir a cama com o pai todas as noites, de acordo com os relatos da ré. Que também diz que na primeira vez em que foi violentada foi a mãe quem a obrigou a deitar-se com pai, tendo inclusive aberto e segurado suas pernas para facilitar o ato sexual.
Após a primeira investida, as relações passaram a acontecer de 3 a 4 vezes por semana, freqüência que passou a ser praticamente diária, à medida em que a acusada ia crescendo e desenvolvendo o corpo. Dos 12 filhos que teve ao longo do relacionamento incestuoso, os que morreram não resistiram aos dois meses de vida, o que a acusada atribui como conseqüência das sessões de espancamento às quais era submetida durante o período da gravidez. Já os cinco sobreviventes - três meninos e duas meninas - todos menores de idade, apresentam problemas mentais e deficiência visual.
O CRIME
As ameaças de estupro feitas pelo agricultor em relação à filha-neta mais velha acabaram selando o destino de Severino. Na tarde do dia 15 de novembro de 2005, ao retornar para a casa onde morava na Vila do Rafael, a 12 quilômetros do centro de Caruaru, Zé da Fuba foi surpreendido por dois homens, que o renderam e disferiram sete facadas em várias partes do corpo, causando a morte imediata.
Nas investigações a polícia descobriu que o crime foi praticado pelo feirante Edílson Francisco de Amorim, 26, conhecido por Galego, a mando da filha da vítima. O assassino contou com a ajuda de Denisar dos Santos, 21, conhecido por Dênis. Pelo serviço a dupla deveria receber R$ 1 mil, sendo R$ 800,00 pagos antecipadamente e o restante após a constatação da morte da vítima. O valor não foi pago já que ambos acabaram sendo presos, inclusive a mandante, detida após o enterro do pai.
O JULGAMENTO
Levados a julgamento no dia 17 de setembro do ano passado, Galego foi condenado a 18 anos de prisão. Dênis pegou 17 anos de detenção pela prática de homicídio qualificado. Ambos cumprem pena na Penitenciária Juiz Plácido de Souza. A acusada chegou a passar um ano e seis dias presa na extinta Colônia Penal de Garanhuns até ser solta e aguardar o julgamento em liberdade.
Agora a defesa acredita na absolvição da ré. “Acreditamos que ela não venha a ser condenada, pois se existe uma vítima nesta história é dona Severina, que teve a infância usurpada e a vida condenada pelo pai-esposo, antes mesmo de cometer qualquer crime”, afirmou o advogado Gilvan Florêncio.
(trechos da matéria extraído do Site do jornal da Folha de Pernambuco - www.folhape.com.br)